Entrevista | Alcione fala sobre a carreira, momento conturbado em que vive o país e novos talentos musicais

Foto: Marcos Hermes

A cantora Alcione desembarca em Porto Alegre neste sábado (1º), para apresentar o show “Eu Sou A Marrom” no palco do Auditório Araújo Vianna. Os ingressos estão quase esgotados, restam apenas para Plateia Alta Central. Mais informações no serviço abaixo.

O show “Eu Sou A Marrom” comemora os mais de 45 anos de carreira da cantora que sendo uma das mais notórias sambistas do país, recebeu a alcunha de Rainha do Samba. Além da turnê, o projeto já teve um documentário sobre a vida de Alcione e vai lançar ao decorrer do ano uma biografia escrita pela jornalista Diana Aragão, um musical e um DVD ao vivo gravado no Rio de Janeiro. 

No repertório da apresentação não faltam clássicos da carreira de Alcione, como “Não Deixe o Samba Morrer”, “Meu Ébano”, “Garoto Maroto”, “Meu Vício é Você”, “Você Me Vira a Cabeça”, “A Loba”, “Faz Uma Loucura Por Mim”, entre outros. Além da sua poderosa voz, que é um show a parte, Marrom também toca trompete, instrumento ensinado pelo seu pai e que até hoje acompanha a cantora nos palcos. 

Leia a entrevista na íntegra:

  • No Palco – Fale um pouco mais sobre o projeto Eu Sou A Marrom?

Alcione – É um projeto multifacetado, com diversos ítens. Um álbum com canções inéditas, um musical, um documentário e livro biográfico. Além, é claro, de uma turnê pelo país com a minha parceira de todos os palcos, a Banda do Sol, que me acompanha há décadas pelo Brasil e exterior.

  • São mais de 45 anos de carreira, com tantos sucessos como foi para escolher o repertório da apresentação?

Já estou com mais de 47 anos de carreira, e o repertório foi baseado nos principais hits de minha trajetória. Alguns, inclusive, eu nem vinha inserindo nos últimos roteiros. O público tem curtindo muito, canta junto… É um espetáculo dinâmico e recheado de sucessos e de músicas que adoro cantar!

  • A senhora teve seus primeiros passos artísticos tocando trompete na noite boêmia. Se pudesse voltar no tempo, qual o conselho daria para a menina da década de 60?

Tocar um instrumento foi uma consequência, meu pai era músico e maestro. Isso despertou toda a minha família, que é totalmente musical. Mas o conselho que posso dar, e para qualquer pessoa que tenha talento, é que procure aprender, pratique muito, e tenha persistência para alcançar seus desejos. Nada cai do céu, e só talento também não resolve nada. Quanto mais conhecimento, aprendizado e dedicação, melhor. É um mundo muito competitivo, e o país é um celeiro imenso de talentos em todas as áreas.

  • Vivemos em tempos sombrios, onde o ódio tem ganhado os holofotes de forma meteórica. Isso tem afetado a cultura principalmente, com cortes profundos em verbas para espetáculos teatrais por exemplo. Como a senhora enxerga este momento no país, há esperança de dias melhores?

Realmente, estamos vivendo um momento de retrocessos, dias “estranhos”. Mas é fundamental manter a esperança em dias melhores. O ódio não pode vencer o bem, afinal já tínhamos avançado em tantas questões…Discriminações de todos os tipos, racismo, homofobia, misogenia, gente declarando, publicamente, tantas barbaridades e contra a democracia. E esse número absurdo de feminicídios! Mas tenho fé no povo brasileiro, vamos vencer esse tempo nefasto e continuar construindo um Brasil melhor e mais justo.

  • Você não poupa elogios à cantora Iza. Como você enxerga a nova geração da musica e principalmente do samba. Qual será a mulher que vai continuar o legado de Alcione, Beth, Leci, Dona Ivone, Clara, Elza, entre outras, dentro do samba?

A Iza é uma grande cantora, tem um carisma incrível, domínio de palco, sabe tudo essa moça…Mas não estamos reduzidos a apenas um talento. Conforme disse, o país é um celeiro de artistas admiráveis, e que estão espalhados Brasil afora. Tem muita gente boa surgindo no pedaço…

  • Além de Iza, tens ‘apadrinhado’ outros novos talentos?

Já gravei muita gente boa, novos talentos que vieram para ficar… Ferrugem, Mumuzinho. Uma voz em especial me chamou muito a atenção e tenho realizado alguns trabalhos com ela, que é a Gabby Moura. Vocês ainda ouvirão falar muito dela! No próximo álbum, também escolhi canções de compositores que estão despontando no meio artístico, como Telma Tavares (compositora que já gravei diversas vezes). Por falar em disco novo, também vou gravar uma música em homenagem ao Pelé, de Altay Veloso, e muitas canções de autores maravilhosos, como Serginho Meriti, Toninho Geraes, etc…

SERVIÇO

  • Quando: 1º de junho, sábado, às 21h
  • Onde: Auditório Araújo Vianna (Av. Oswaldo Aranha, 685)
  • Ingressos: R$ 120
  • Venda online: Uhuu