Vida e obra de Eva Schul será digitalizada

Foto Eduardo Carneiro

No dia 30 de agosto, será lançado site Carne Digital: arquivo Eva Schul (www.ufrgs.br/carnedigital), com textos, fotografias, vídeos e documentos analógicos digitalizados sobre a obra e a trajetória da coreógrafa Eva Schul. O evento de lançamento ocorre às 20h, no canal do YouTube Carne Digital (https://youtube.com/channel/UCbekVij6z2nskqWcub47sYg), com a participação especial de Eva, das coordenadoras do projeto Mônica Dantas, Suzi Weber e Aline Haas, da equipe que elaborou o arquivo e de bailarinos que fizeram, e ainda fazem, parte da trajetória de Eva. 

Um dos destaques do projeto é a criação de uma biblioteca que utiliza sistemas digitais de captura de movimento (motion capture) – a mesma tecnologia utilizada em games – para documentar a técnica de dança desenvolvida por Eva. “Pretendemos seguir celebrando a obra de Eva Schul e desfrutando de sua sabedoria e de sua generosidade. Orientando, formando e fomentando novos criadores, ela e a Ânima Companhia de Dança engendram um ambiente que tem permitido o surgimento e o amadurecimento de artistas cujas obras, ações e projetos vêm se constituindo em referenciais para a dança contemporânea”, diz Mônica.

Para Suzi, a coreógrafa sempre respeitou os limites do corpo através do cuidado, da atenção e de um conhecimento somático através da dança: “Na visão de Eva, a arte, a dança, são, acima de tudo, troca de afeto, de ideias, de movimentos de vida e criação. Há mais de 30 anos sou espectadora assídua de suas obras, e desde 2009, com o projeto Dar Carne a Memória, concebido pela Mônica, me envolvi totalmente em seu universo coreográfico, tentando compreender e analisar o repertório além da longevidade de sua trajetória artística”.

Memória

Carne Digital está organizado em três eixos, cujos títulos fazem referência às coreografias Na quina do tempo, Como segurar um instante e Metamorfose, além da história da Ânima Companhia de DançaAelaboração seguiu as seguintes etapas: 1) localização, análise e seleção de materiais nos acervos pessoais de Eva e de bailarinos que trabalharam com a coreógrafa; 2) digitalização e tratamento dos materiais analógicos; 3) seleção e organização dos materiais já disponíveis em suportes digitais; 4) catalogação dos materiais e sua inserção no Lume – Repositório Digital da UFRGS, um dos maiores e mais destacados repositórios da América Latina, atestando a confiabilidade e a preservação dos materiais aí armazenados; 5) criação da identidade visual, do desenho da interface das telas, da modelagem dos dados e desenvolvimento final do site; 6) criação da biblioteca digital de movimentos, ainda em andamento.

Na atual fase do projeto foram disponibilizadas três coreografias, representativas de diferentes momentos da carreira da coreógrafa: Um Berro Gaúcho, criada com o Grupo Mudança (1977); Catch ou como segurar um instante (2002) e Acuados (2016). Até o final deste ano, estão previstas a catalogação de mais dez coreografias.

Carne Digital foi desenvolvido com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), através do Centro de Memória do Esporte (CEME) da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança (ESEFID), dos cursos de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC/Instituto de Artes) e Ciências do Movimento Humano (PPGCMH/ESEFID) e de Graduação em Dança da UFRGS. A Biblioteca Digital de Movimentos tem coordenação adjunta da professora doutora Aline Haas. O projeto, nas suas diferentes etapas, conta com a consultoria de Eva Schul.

Eva Schul

São 73 anos de vida e 58 de dança, dos quais se destacam o pioneirismo no ensino da dança contemporânea, a criação de mais de 100 coreografias, a disseminação de procedimentos de criação embasados em improvisação e ações coletivas, a formação de artistas de projeção nacional e internacional, o ensino da dança na universidade e quase 30 anos à frente da Ânima Cia de Dança.

Na pandemia, Eva Schul migrou para o mundo virtual. Sem medo dos limites corporais frente a um computador, demonstra sequências coreográficas alunos no Brasil e no exterior. Com Eduardo Severino, criou e dirigiu o Levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima, projeto quereuniu, no final do ano passado, três companhias de dança e artistas independentes num elenco com mais de vinte bailarinos isolados que, a partir de provocações inspiradas em ditos populares, foram desafiados a dançar e a criar. Um espetáculo de resistência e de resiliência.

Por: Roberta Amaral