Seu Jorge mostrou como ser refinado e popular ontem em Porto Alegre

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

Nesta quarta-feira (31) Porto Alegre voltou a receber o cantor Seu Jorge no palco de um Auditório Araújo Vianna lotado com mais de 3 mil pessoas na plateia. “Voz e Violão” marca a volta do músico ao seu repertório após temporadas nos Estados Unidos e na Europa com repertório de David Bowie.

O show “Voz e Violão” traz um Seu Jorge intimista e sofisticado num primeiro momento e solto e muito sambado na segunda metade do espetáculo. Mesmo deixando de fora hits como “A Doida” e “Alma de Guerreiro (Salve Jorge!)” o setlist fez um grande apanhado das mais de duas décadas de carreira solo do cantor. Acompanhado do músico e amigo de mais de 30 anos, Pretinho da Serrinha, que tocou cavaquinho, percussão e pandeiros durante todo o show, Jorge interagiu diversas vezes com o público, seja agradecendo diversas vezes ao comparecimento deles, seja parando de cantar para deixar que a plateia completasse a música.

Às 21:15 a dupla adentrou ao palco do auditório para iniciar a apresentação que durou cerca de duas horas e contou com 22 canções no repertório. De cara ele manda dois clássicos para homenagear João Gilberto (que morreu no último 7 de julho), para entre uma e a outra dizer que ‘ele deixa um legado gigantesco para a música brasileira‘: “Retrato em Branco e Preto” e “S’Wonderful”. Sentado em seu banquinho e com violão na mão ele pede para o público ajudar a cantar “Quem não Quer sou Eu”, do álbum “Música para Churrasco 1”, de 2011.

Num medley com “Zé do Caroço” e “Negro Drama” ele reverencia duas de suas referências na música carioca: a sambista Leci Brandão e o grupo Racionais MC’s, e as duas músicas foram executadas como declamações. Ao final das músicas ele disse que este clássico do rap nacional se tornou como um hino para os negros brasileiros.

Na sequência entra o hit “Carolina” que levantou a plateia pela primeira vez das cadeiras. E já que estava em Porto Alegre, nada melhor do que canta a conterrânea Adriana Calcanhotto e ganhar o povo com “Naquela Estação“. E já aproveitou a cantoria na plateia pra colar o megahit “É Isso Aí!“, que ele lamentou não ter Ana Carolina para cantar junto: “Sem a Ana aqui junto esta música não tem graça”, no que todos concordaram.

Neste momento ele deixa o palco para o Pretinho da Serrinha ser o protagonista e apresentar a sua canção ‘Reza pra Agradecer’ com uma boa recepção da plateia. Com a volta de Seu Jorge ao palco foi um show de hits (dele e de outros) como ‘Dindi’ (Tom Jobim), ‘Tive Razão’, ‘Amiga da Minha Mulher’, ‘Mina do Condomínio’, ‘Mas Que Nada’ e ‘Burguesinha’. Depois dessa avalanche a plateia estava toda em pé sambando e pulando. E assim ficou até o final do show. Mas antes ele cumpriu o protocolo pro bis. Se despediu cumprimentando Pretinho, saiu do palco e voltou rapidamente sendo ovacionado pelo público.

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

No BIS ele deu prioridade para sambas como ‘Poder da Criação’ (João Nogueira), declamou a música ‘Minha Missão’ (João Nogueira) e mandou o clássico ‘Você Abusou’ (Jorge Aragão); e de sua autoria com o grupo Farofa Carioca, ‘São Gonça’, de 1997. Para as últimas ficaram ‘Pessoal Particular’, ‘Felicidade’ e o arroz de festa ‘Não Quero Dinheiro (Quero Amar)’, de Tim Maia para terminar a apresentação em alta e com gostinho de ‘quero mais’.

Antes da despedida ainda swingou pelo palco todo ao som de ‘Get Up’, de James Brown para agradecer ao público pela receptividade e pela lotação do auditório.

O cantor carioca segue neste sábado (01) para Curitiba, onde se apresenta na belíssima Ópera de Arame. Ainda em agosto ele faz dois shows em Portugal e prepara para o segundo semestre o lançamento de seu novo álbum “O Outro Lado”, onde o músico exercita sua faceta de intérprete.