Conheça “O Complexo”, série nacional gravada na Região Metropolitana de Porto Alegre

Foto: Sônia Butelli

Texto escrito por Karen Waleria/Rocksblog

No último dia 24 de junho, os produtores e atores da série “O Complexo” receberam a imprensa para uma entrevista coletiva no Sete Gastropub, em Porto Alegre, um dia após finalizar as gravações da trama, que tiveram 42 diárias, e locações realizadas em Porto Alegre, Viamão e Canoas.

Estiveram presentes o ator global Amaurih Oliveira, a atriz portuguesa Isabél Zuaa e as atrizes Liane Venturella e Kaya Rodrigues; os idealizadores, roteiristas e diretores Ana Saki, Gabriel Faccini, Tiago Rezende e Tomás Fleck. Além de Giba Assis Brasil, que assina a montagem, e a produtora executiva, Clarissa Millford.

Amaurih Oliveira e Liane Venturella em cena de “O Complexo” (Foto: Vitória Macedo)

“O Complexo” é um drama policial e de tribunal, que tem como pano de fundo a abordagem de temas como o conceito de justiça, segurança pública, racismo estrutural e a sua expressão na esfera judicial. A série terá seis episódios e tem previsão de lançamento para 2020.

Abaixo você acompanha a entrevista de Renan Franzen, responsável pela trilha sonora da série, para o Rocksblog.

  • Como você se envolveu com a produção da série “O Complexo”?

Renan – Eu venho trabalhando com a Verte Filmes desde 2016. Quando estava encerrando o trabalho anterior eles me convidaram para participar também na série.

  • Qual a abordagem que você deu à trilha da série; o processo está em qual etapa, especificamente?

Renan – A abordagem vem, na verdade, da direção da série. Os criadores têm a visão e meu trabalho busca interpretar e traduzir de uma forma musical. Começamos a conversar ainda na fase de finalização de roteiro, onde discutimos algumas ideias e referências. Essas primeiras conversas costumam ser mais esparsas, assim todos nós nos situamos e começamos a entender qual será o ‘tom’ da série. Quando estou falando de ‘tom’ não estou dizendo fazer a trilha em Sol ou Fá. Estou falando de coisas como o quão sutil ou intensa a trilha vai ser, como ela vai ajudar a contar a história, etc.

  • Como se dá o processo de criação. Você teve acesso às filmagens, acompanhou o trabalho?

Renan – Como comentei antes. O processo começou ainda na fase de roteiro. Depois que leio o roteiro, geralmente, tenho uma conversa com quem vai dirigir. Começo a me ambientar e tentar entrar na mente da direção, entender qual o ponto de vista deles e como querem contar essa história. Então inicio produzindo algumas demos, com base nas conversas e discutimos, às vezes, até acompanhando alguma cena ou isolada. Visito o set, raramente. No caso de “O Complexo”, tivemos um recital num dos episódios, então, me envolvi compondo a música do recital, mas também participando da apresentação como figurante. Acompanho, como espectador, o início das montagens, visto que a ideia é entrar com algumas trilhas já no processo de montagem. E não tanto apenas no final, que é a prática mais comum. O processo de criação de uma forma geral é um processo de tentativas, erros e acertos. Às vezes, as ideias que temos na fase de roteiro funcionam quando testadas na montagem; outras não. Neste caso, temos que ir a fundo e experimentar mais.

  • Quanto tempo você tem para criar? Na série será música incidental, tempo integral, ou tem músicas de terceiros?

Renan – Nesse caso é um pouco difícil especificar o tempo já que eu comecei a mandar algumas músicas, como teste, antes. Mas, o prazo para concluir cada episódio será de aproximadamente três semanas: duas de composição e uma de ajustes e correções. Acho que a maior parte da trilha vai ser música original (incidental). No entanto, acredito que algumas outras músicas de outros artistas venham a compor a trilha da série.

  • Quais as suas inspirações?

Renan – Eu procuro ser bem pragmático no trabalho, o que não significa que não tenha um vínculo emocional com ele. Apenas não fico dependente de inspiração. Busco são momentos de lucidez durante o processo de composição musical. Às vezes, se trabalha uma cena com muita dificuldade, durante muito tempo, até que se chega em uma ‘solução’ – depois de muito suor – e, então, se tem um certo momento de clareza com relação à história e como abordá-la. Esses momentos, sim, são inspiradores, especialmente se a direção do filme sentiu o mesmo. As inspirações pessoais musicais são muito variadas. Eu, eventualmente, descubro algum artista novo, vicio e depois me canso. Especificamente de música para cinema/TV os mais marcantes são Bernard Herrmann, Ennio Morricone, Danny Elfman, entre outros. Acho que a lista pode ficar grande, iria de Vicente Celestino até Gojira. (risos)

  • Ao criar a trilha você pensa no espectador?

Renan – Sempre. O tempo todo. No fim das contas, a música em si até não interessa muito. O que interessa e é o mais importante é se ela está ajudando a contar a história. Eu fico de olho, e ouvido, atento nesta imersão. É uma questão de ponto de vista. Para cada cena em que tenho que adicionar uma trilha sempre considero o ponto de vista do espectador. Depois que ele diz “Eu te amo” entra um tema romântico? O espectador já sabe que o personagem está mentindo? Se ele sabe, vamos sublinhar a traição? Vamos tratar de uma forma mais emotiva quem está sendo traído? Dependendo do momento, temos vários ângulos possíveis.

  • Para encerrar, fale sobre teus trabalhos anteriores, até para os leitores poderem assistir. E muito obrigada pela entrevista.

Renan – Faz aproximadamente 10 anos que tenho trabalhado jogos e audiovisual. Anterior ao “O Complexo” também fiz a música original das séries “Necrópolis”, “Alce & Alice”, ambas disponíveis na Netflix. E, recentemente, terminei o longa-metragem “Os Bravos Nunca se Calam” que, em breve, deve estar no circuito de festivais de cinema.