Entrevista | Nando Reis fala sobre o álbum em homenagem à Roberto Carlos

Nando Reis volta ao palco do Auditório Araújo Vianna neste próximo sábado, dia 8 de junho, com a turnê ‘Esse Amor Sem Preconceito‘ baseado no álbum ‘Não Sou Nenhum Roberto, Mas às Vezes Chego Perto’.

O disco, que foi lançado em abril deste ano, conta somente com releituras de clássicos gravados originalmente por Roberto Carlos, indo de 1971 a 1994.

Misturando canções do porte de “De Tanto Amor”, “Todos Estão Surdos” e “Amanda Amante”, todas imortalizadas na voz do Rei, Nando também irá incluir no repertório algumas canções do seu repertório próprio, como são os casos dos sucessos “Por Onde Andei”, “Os Cegos do Castelo”, “Luz dos Olhos”, “Relicário” e “All Star”.

Confira a entrevista com Nando Reis na íntegra:

  • No Palco: Por que você decidiu se aventurar na obra de Roberto Carlos?

Nando Reis: O Roberto dentro do cancioneiro brasileiro, da história da MPB, tem um lugar único, não é à toa que é conhecido como Rei. E de alguma maneira ele é a voz da música brasileira, porque ele é um excelente cantor. A música dele me toca, muito, Roberto me emociona a forma como ele canta, as músicas que ele compõe e que escolhe.

  • Qual é sua primeira lembrança com a música de Roberto Carlos? Como descobriu?

Foi por acaso, eu estava indo pra Jaú passar o Natal e resolvi pegar alguns cd’s para ouvir no carro e falei: “vou pegar os cd’s da caixa do Roberto”. Fui ouvindo, de repente comecei a me encantar com músicas que há muito tempo eu não ouvia e algumas delas eu mesmo não lembrava ou não conhecia. A primeira música foi “Você em Minha Vida”, eu lembro que ouvi aquilo e disse: “Isso é uma coisa incrível”. Comecei a tocar e fui me envolvendo, me trazendo reminiscências, uma paixão que estava adormecida.

  • Como foi a escolha do repertório?

Primeiro critério, paixão pelas canções, especialmente pelas melodias. Mas obviamente isso não ajudou muito, pois são dezenas de canções espetaculares. Fugi da Jovem Guarda e evitei as mais regravadas. E fui pedir a autorização das editoras. Apenas “Detalhes” foi negada. Por razões óbvias (risos).

  • “Nossa Senhora” está no álbum apenas com a melodia. Como todos sabem você é ateu, mas por que decidiu coloca-lá no repertório?

Ela tem uma melodia maravilhosa, eu substituo a devoção de Roberto por Nossa Senhora pela minha devoção por João Gilberto, pois a versão que eu fiz é inspirada em uma música do João Gilberto.

  • O álbum tem a parceria inédita com o grande Jorge Mautner, em “A Guerra dos Meninos”. Como você chegou no Jorge e como foi para encaixá-lo na canção?

Desde o princípio pensei em gravar a canção dessa forma, deslocando a letra para a figura de um narrador. E, na minha cabeça, não haveria melhor pessoa do que Jorge Mautner. Sou um grande fã dele.

  • Recentemente você lançou o single “Rock and Roll”, uma canção que representa bem o momento no Mundo. Podemos esperar um álbum autoral nesta pegada?

Ainda não tenho planejado o próximo disco, mas certamente será de inéditas. Não faço ideia do que vou compor até lá. Mas se há alguma coisa pouca inspiradora é o momento do país. A situação é tão desoladora que a única coisa que sinto é raiva de tanta estupidez. E “Rock ‘n’ Roll” continua perfeitamente atual. E aparentemente permanecerá assim por pelo menos 3 anos e meio.