Entrevista com Ana Carolina: “Espero estar viva para ver valer a ordem e progresso que está estampada em nossa bandeira.”

No próximo domingo, Ana Carolina e Seu Jorge chegam à Porto Alegre com a turnê que celebra os 10 anos de lançamento do álbum “Ana&Jorge”. A apresentação ocorre à partir das 20 horas, no anfiteatro Beira Rio. A tour comemorativa estreou em 1º de abril, no Citibank Hall, em São Paulo e terá passado, ao final, por 10 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Brasília, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Recife e Fortaleza.

Na próxima semana os dois se apresentam nas três capitais do sul do Brasil: sexta feira, dia 10/06, em Curitiba (Live – ex-Master Hall), sábado, dia 11/06, em Florianópolis (Sapiens Park) e no domingo, dia 12/06, em Porto Alegre (Anfiteatro Beira Rio). Os ingressos para a apresentação em POA já estão nos lotes finais. O encerramento desta tour se dará em agosto com dois shows no nordeste: 12/08, no Classic Hall, no Recife e no dia 13/08, no Centro de Convenções, em Fortaleza.

“ANA&JORGE” – 10 ANOS
No final de 2005 e começo de 2006, Ana Carolina e Seu Jorge dominaram as paradas de sucesso do país com canções como “É Isso Aí”, “O Beat da Beata”, “Zé do Caroço” e “Unimultiplicidade”, entre outras. Na época viralizou, também, o vídeo com Ana Carolina lendo o texto “Só de Sacanagem”, de Elisa Lucinda, que fazia menção aos casos de corrupção da política brasileira.

Agora, mais de 10 anos depois, o duo que todos esperavam rever, está refeito: a dupla de cantores, compositores e instrumentistas se junta aos produtores e Djs Mikhael Mutti e Cia em turnê nacional. O novo show irá relembrar os melhores momentos do show “Ana&Jorge”, de 2005, além dos maiores sucessos dos dois artistas e novas parcerias, como o novo single da dupla: “Mais uma vez nós dois”.

Ana Carolina concedeu uma entrevista ao Porto Alegre Cultura onde fala a parceria com Jorge, setlist do show e revela que tem muitos projetos em gestação. Em breve teremos novidades. Confira a conversa que tivemos com ela:

– O disco “Ana&Jorge”, de 2005 não teve uma turnê conjunta de vocês dois. Por que isso não foi feito na época?
Ana Carolina: Nunca imaginamos que o projeto ganharia tal proporção, ensaiamos 7 dias e fizemos 3 shows. Tínhamos nossos compromissos já desenhados o Jorge ainda tinha o trabalho de ator e estava dando seus passos no exterior. Não havia brecha para uma turnê. Quando vimos tinha passado meia década e depois uma década inteira e aí “tomamos uma atitude” e montamos essa turnê que agora visita vocês.

– Teus shows em Porto Alegre ocorrem, geralmente, em nossos teatros ou no Auditório Araújo Vianna. Sempre com plateias sentadas. No Anfiteatro do estádio Beira Rio teremos um setor pista, com plateia em pé… mais livre. O repertório é pensado para essas adaptações?
Ana Carolina: É um show pra cima este, é perfeito para a galera se soltar, se divertir, cantar junto. Eu gosto dos dois formatos e esse nosso encontro pede mesmo uma arena cheia de gente afim de ser feliz, esquecer os problemas e curtir junto.

– No setlist tem entrado canções das carreiras solos de cada um, ou está baseado apenas em “Ana&Jorge”, acrescentado da inédita “Mais Uma Vez Nós Dois”?
Ana Carolina: Sim o novo single veio para marcar essa nossa reunião, ela é “pra cima” e dá o tom do show inteiro que tem nada menos que 30 canções e com o repertório recheado de sucessos de cada um, canções do primeiro trabalho e diversas músicas de outros artistas que sempre tivemos vontade de cantar e o público ama.

– Teus discos sempre mostram detalhes do teu momento. Foi assim com Dois Quartos, foi assim com N9ve, com o Ensaio de Cores e com o #AC. No momento temos turnê, mas não temos disco novo. Como podemos traduzir teu momento musical?
Ana Carolina: Esse é um momento de resgate, com Ana e Jorge volto 10 anos em um momento muito interessante em que eu já tinha 5 anos de carreira e travei com o Jorge essa parceria. Este também é um momento em que retomei o formato “voz e violão” com os shows SOLO que também estou levando pelo país em shows e eventos fechados, parece simples mas foi um processo voltar ao formato que eu vivi no início da minha jornada cantando em bares. Mas não vivo de passado e enquanto estamos aqui divagando sobre isso já estou pensando em 5 projetos novos. (Risos)

– A tua variedade musical sempre esteve bastante presente nos teus álbuns: samba, tango, bolero, rock, pop, salsa, bossa nova. Que estilo musical tu ainda deseja registrar em disco e apresentar ao teu público?
Ana Carolina: Que pergunta complexa para qualquer cantor, compositor e instrumentista responder. A música nos permite infinitas possibilidades e quero ter a liberdade de visitar diversos caminhos sempre. A MPB é bastante flexível e cabe muita coisa, quero explorar mais o samba e o Rock é sempre um flerte mas não faria nada que me prendesse em um estilo ou rótulo. Faço da música meu hobby e trabalho e quero sempre explorar infinitas possibilidades justamente para não ser um “samba de uma nota só”.

– Nestes 10 anos tu e Seu Jorge passaram por transformações e novas experiências, cada um em sua respectiva carreira. Qual mudança ou experiência mais te marcou na última década?
Ana Carolina: Nossa, são tantas emoções bicho… (Risos). Acho que todos nós evoluimos e nos transformamos a cada segundo, tudo que vivemos nos acrescenta experiência. Sou mais calma mas não menos ansiosa, sei mais de minha arte mas também não sei como será a próxima canção e trabalho, somos todos esse “work in progress” e eu não arriscaria apontar um lugar onde eu esteja ou onde queira estar. O negócio é seguir o fluxo!

– No registro ao vivo de “Ana&Jorge” três momentos teus ficaram bastante marcados: a leitura do texto “Só de Sacanagem”, de Elisa Lucinda; a parceria com Tom Zé, em “Unimultiplicidade”; e também a tua péssima experiência pessoal contida em “Notícias Populares”. E os três registros estão cada vez mais atuais. Dá uma tristeza em pensar que nada mudou de lá pra cá?
Ana Carolina: Dá uma tristeza ver tudo que está ocorrendo e não termos muito a fazer  e ter que esperar, esperar, esperar. Mas tenho esperança e fé no nosso povo, uma hora a ficha cai, uma hora o “basta” se dá. Espero estar viva para ver valer a ordem e progresso que está estampada em nossa bandeira. Só isso já seria glorioso.