Ney Matogrosso mostra o show “Bloco Na Rua” em noite impecável no Auditório Araújo Vianna

Foto: Marjory Corrêa/Auditório Araújo Vianna

Após 5 anos à frente da turnê “Atento Aos Sinais”, Ney Matogrosso estava de volta aos palcos com seu novo show. O intérprete apresentou na noite desta sexta-feira (3), o espetáculo “Bloco Na Rua”, no palco do Auditório Araújo Vianna. Ele retorna ao mesmo local, neste sábado (4), para uma nova apresentação.

Aos 77 anos, Ney mostrou sua já conhecida disposição em cima do palco. Matogrosso iniciou a apresentação depois das 21h, com a canção que dá nome ao show: “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua” (Sérgio Sampaio). Vestindo um figurino belíssimo, criado sob medida pelo estilista Lino Villaventura, Ney já marcou sua poderosa presença logo nos primeiros minutos.

Com direção de Sacha Amback, o espetáculo mostra um Ney mais agressivo e poderoso durante suas performances, diferente do que era visto em “Atento Aos Sinais”. A segunda canção foi “Jardins da Babilônia” (Rita Lee), que ficou excepcional na voz do intérprete, e em seguida veio a nova versão de “O Beco” (Os Paralamas do Sucesso), que já foi gravado por Ney no final dos anos 80.

O repertório também teve espaço para novos compositores desconhecidos do mainstream, como Itamar Assumpção (“Já Sei” e “Já Que Tem Que”) e DJ Dolores (“Álcool (Bolero Filosófico)”). Ambos artistas foram muito bem representados com uma performance impecável de Ney e sua banda para cada música. “Inominável” é a única canção inédita, composta por Dan Nacagawa, que faz parte do novo show.

Foto: Marjory Corrêa/Auditório Araújo Vianna

Este espetáculo tem sua marca e consegue chamar atenção com as novas versões que Ney dá para sucessos que ele já interpretou há alguns anos. Por exemplo, em “Pavão Mysteriozo” (Ednardo) o intérprete encerra a canção dando um destaque e poder ao verso “Eles são muito / Mas não podem voar…”, arrepiando o público com toda certeza. “Yolanda” (Chico Buarque) é outra canção já gravada por Ney e que provoca emoções das mais diversas no público. Por falar em Chico, Ney Matogrosso apresenta outra música de sua autoria, esta mais recente, “Tua Cantiga”.

Outros grandes compositores também marcaram presença no repertório do novo show, é o caso de Adriana Calcanhotto, com “Mais Feliz”; Raul Seixas, representado com um dos momentos mais emocionantes da apresentação, com “A Maçã”; e Paulinho Moska, com “O Último Dia” que ganhou uma versão com direito a batidão funkeiro comandado pelo percussionista Felipe Roseno.

Depois de 44 anos, Ney Matogrosso voltou a interpretar as duas canções que lançou em parceria com o cantor/compositor Raimundo Fagner. A primeira foi “Postal de Amor” e seguida por “Ponta do Lápis”, essa última interrompida por uma queda de energia no Auditório que se prolongou por cerca de 20 minutos, mas nada que tirasse o calor que o show estava passando ao público. Outra canção dos anos 70 e que não passava pelo repertório de apresentações de Ney foi “Tem Gente Com Fome”.

A primeira despedida antes do bis foi com “Sangue Latino”, clássico do Secos & Molhados, que ganhou uma versão mais enérgica. Na volta, Ney mostrou sua interpretação para as canções “Como 2 e 2”, linda composição de Caetano Veloso; “Coração Civil”, do Milton Nascimento; e encerrou o ‘Bloco Na Rua’ com “Mulher Barriguda”, outra do Secos.

A apresentação que durou um pouco mais de 1h20, é simplesmente magnífica. Se você procura algo grandioso, bem feito e emocionante, vá ao espetáculo Bloco Na Rua. Ney Matogrosso não interage muito com a galera, mas sua presença de palco é espetacular. Com 77 anos ele segue dançante, alegre e cada vez mais poderoso.