Nação Zumbi mostra que seu maracatu pesa muito mais do que uma tonelada

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

Ontem a capital teve uma noite intensa, pesada. A banda pernambucana Nação Zumbi voltou à Porto Alegre para apresentar o álbum ‘Radiola NZ Vol. 1’. Mas o álbum novo teve poucas faixas executadas no palco do Opinião na noite desta quinta-feira (21). Foi um show de 90 minutos de duração que contou com (quase) todos os clássicos e hits da banda.

Quem ‘apenas’ ouve os álbuns da Nação Zumbi, não imagina o quão soa pesado o som ao vivo da banda. A guitarra de Lúcio Maia e o baixo magistral de Dengue fazem do espetáculo uma experiência sonora incrível. Quem chegou no Opinião para assistir a um show repleto de sonoridades pernambucanas/nordestinas, até viu… Mas também se viu impressionado com a força e a intensidade de uma verdadeira apresentação de rock n’ roll, mesmo que enquadrar a banda dentro deste ‘rótulo’ seja uma tarefa dificílima.

Com 30 minutos de atraso, os percussionistas (Toca Ogan, Marcos Matias e Gustavo da Lua) aparecem tocando berimbaus para recepcionar o restante do grupo. E a primeira canção foi “Refazenda”, de Gilberto Gil, que abre o disco lançado no final de 2017. O show contou com músicas de todas as fases, de antes ou após a morte de Chico Science, em 1997. Teve “Bossa Nostra”, do álbum ‘Fome de Tudo’, de 2007, “Foi de Amor” e “Novas Auroras”, ambas de 2014. Teve os hinos pós-Science “Blunt of Judah” (2002) e “Quando a Maré Encher” (2000) que levantaram a plateia na pista de uma forma espetacular.

O ‘Radiola NZ’ voltou com uma daquelas releituras icônicas que a Nação já realizou com “Todos Estão Surdos”, do Rei Roberto Carlos gravada em 1994 e “Umabaraúma”, de Jorge Ben Jor, incluída no DVD ‘Propagando’, de 2004: Jorge du Peixe cantou “Sexual Healing”, de Marvin Gaye, que poucos alguma vez ousaram imaginar. E o público que lotou o Opinião, cantou em uníssono, o clássico. E mostrando que no mangue também se ama, foi emendada a música “Defeito Perfeito”.

Depois disso foi um desfile de clássicos até o final: “Meu Maracatu Pesa uma Tonelada” (2002), “Da Lama ao Caos” (1994), “Manguetown” (1996), “Um Sonho” (2014), “Cidadão do Mundo” (1996), “A Melhor Hora da Praia” (2014), “A Praieira” (1994) e para encerrar, “Maracatu Atômico”.

Entre uma música e outra a plateia começava a cantar em “homenagem” ao governo federal a frase “Hey, Bolsonaro, vai tomar…!”. E em dois momentos a banda ajudou a plateia com o instrumental de fundo. E, claro, gravou o momento.

Fizeram falta hits como “Rios, Pontes e Overdrives”, “Corpo de Lama” e “Computadores Fazem Arte”, mas tenho certeza que todos saíram do Opinião em êxtase com o que foi apresentado no palco.

O grupo, entre um show e outro, está preparando material inédito para ser lançado ainda este ano e que segundo os integrantes, pretendem resgatar as percussões e os metais dos primeiros discos da Nação. Aguardemos!