Energia do BaianaSystem quase ‘derruba’ o Opinião, na estreia em Porto Alegre

“Quem tem sangue?” — essa foi uma das perguntas de Russo Passapusso ao subir no palco do Opinião, pela primeira vez, com a BaianaSystem. A galera, óbvio, foi a loucura no primeiro acorde da instrumental “Forasteiro“. A guitarra baiana de Roberto Barreto hipnotizou.

Todo mundo estava ansioso para conferir a tão falada BaianaSystem. Eles nunca tinham tocado em Porto Alegre e os vídeos na internet nos deixavam com o gostinho de “quero estar lá agora”. A banda acabou de sair do carnaval conseguindo grandes façanhas: pela primeira vez levou seu trio Navio Pirata para São Paulo, ganhou um lindo texto de Caetano Veloso e arrastou milhares de pessoas pelos circuitos do Carnaval de Rua de Salvador.

Foto: Tony Capellão/No Palco

Pra quem não conhece a BaianaSystem, aí vai um resumo. Foi formada em 2009, com o intuito de encontrar novas possibilidades sonoras para a guitarra baiana. De lá pra cá, eles começaram a gravar músicas autorais e junto com essa construção musical veio a direção visual com Felipe Cartaxo, ou seja aquelas máscaras que ganhamos no início do show é criação desse cara. Em 2016, lançaram o disco Duas Cidades e a música “Playsom” foi escolhida como trilha sonora para o jogo de vídeo game FIFA. Era o início do sucesso que arrastaria multidões pelo país tropical. Chegando a conquistar a Dinamarca, com a apresentação no Roskilde.

Maioria das músicas do repertório são frutos do premiado disco Duas Cidades, produzido por Daniel Ganjaman. Este disco, segundo a crítica, é um dos melhores e mais revolucionário da música brasileira. A BaianaSystem não tem medo de misturar os estilos, passa por samba-reggae, rock, frevo, pagode baiano, cumbia, ijexá e muitos outros, mas o verdadeiro estilo é o soundsystem. Muitos compararam com o movimento que Nação Zumbi e Chico Science provocaram no Brasil na década de 90.

Foto: Tony Capellão/No Palco

Voltando ao show… O mérito pela energia que tomou conta do Opinião também deve ir para o público. A galera pulou, cantou e dançou em todas. Russo tinha toda a liberdade de fazer o que queria com as pessoas, elas estavam na palma da mão dele. E fez, pediu mais pulo, mais gritos e mais energia.

Além de músicas do Duas Cidades e BaianaSystem, o repertório também teve novas canções, como “Alfazema“, lançada mês passado em parceria com a Nação Zumbi; “Capim Guiné“, com a angolana Titica e escrita especialmente para o Rock in Rio; “Invisível” também foi tocada.

O show foi uma mistura de explosão, amor e muita energia. Eu não conseguia ficar parado, meus amigos não ficavam parados, ninguém conseguia. Uma sequência eletrizante com “Barra Avenida/Risadaria“, “Forasteiro“, “Terapia” e “Playsom” quase botou o Opinião abaixo. Poucas vezes vimos essa casa pulando desde a porta de entrada até o último cômodo.

Esta pessoa que vos escreve não aguentou a empolgação e foi participar do “furacão de gente” protagonizado pelo público durante “Playsom“. Saí de lá de alma lavada e camisa encharcada de suor.

Resumindo a noite, foi uma ótima e única experiência. O BaianaSystem chegou para conquistar os corações dos gaúchos e trazer pra cá um pouco da Bahia. Ainda bem que estive lá e estarei quantos vezes puder. “A mais de mil decibéis, virado numa goteira“.

Lembrando que a BaianaSystem volta à capital gaúcha dia 16 de junho para tocar no festival Morrostock POAA, no Pepsi On Stage, ao lado de Liniker e os Caramelows e Bloco da Laje. Os ingressos estão à venda no site Blueticket.