Na última sexta-feira, dia 11, foi oficializada a negociação que coloca Marcelo Marques à frente da gestão da Arena do Grêmio. A notícia, recebida com entusiasmo pela torcida tricolor, já que Marques está próximo de ser confirmado como o novo presidente do clube, gerou apreensão no setor de grandes eventos de Porto Alegre.
Durante uma entrevista, o novo gestor fez uma declaração que soou como um alerta para os representantes do show business da capital gaúcha:
“Quem gosta de shows não vai ficar muito feliz com a nova gestão da Arena. A ideia é não ter show, é ter show do Grêmio. Não é viável financeiramente. A Arena recebe hoje cerca de R$ 700 mil por show, limpo. A empresa que aluga o estádio cuida de tudo — bilheteria, segurança — e ainda paga R$ 700 mil para a Arena. Eu acho pouco, muito pouco. E se fosse R$ 1 milhão, continuaria achando pouco. Quanto custa uma desclassificação em uma fase eliminatória da Libertadores? É incalculável.”
A declaração causou inquietação, especialmente porque Porto Alegre vem se esforçando para retomar seu espaço no circuito de grandes turnês nacionais e internacionais. A possível ruptura de diálogo com a nova gestão da Arena reduziria drasticamente as opções de locais para espetáculos de grande porte. Isso tornaria a cidade dependente da agenda do Estádio Beira-Rio, que, por sua vez, também não abre facilmente suas portas para eventos.
Há quem veja a fala de Marcelo Marques como uma tentativa de agradar a ala da torcida que critica a realização de eventos na Arena, muitas vezes responsabilizando os shows pelas más condições do gramado. Pode ser, portanto, uma declaração política.
Mas também pode representar um equívoco grave e uma comparação pouco fundamentada. Em 2021, por exemplo, durante o conturbado momento que culminou no rebaixamento do Grêmio, nenhum show foi realizado na Arena. E não há registro de que jogos da Libertadores tenham sido impactados por apresentações musicais.
Caso a postura se confirme, seria um retrocesso não apenas para o setor cultural, mas para a própria cidade, que perderia um dos poucos espaços aptos a receber eventos com capacidade superior a 30 mil pessoas.