Com megaprodução, Jota Quest registra sua turnê de 25 anos no Beira-Rio

No dia 03 de setembro de 2006, um ciclone extratropical atingiu o Rio Grande do Sul e adiou o show de gravação do DVD ‘Até Onde Vai’, do Jota Quest, no Anfiteatro Pôr do Sol. No dia seguinte, o tempo bom e calor permitiu que o registro ocorresse normalmente, sem novos percalços. Dezesseis anos depois, o medo voltou a assombrar os produtores, a banda e os fãs com um novo fenômeno da natureza avassalador. Mas passada turbulência da semana, o sábado (17) amanheceu sem sinais do ciclone que arrasou o estado.

Às 17 horas, com friozinho e céu nublado, abriu-se os portões do Estádio Beira-Rio, onde o Jota Quest gravou seu segundo registro audiovisual na capital gaúcha. Desta vez com a “JOTA25”, que celebra as duas décadas e meia de estrada (já que a carreira da banda completou 30 anos), quando do início do status de banda nacional que ganharam após uma tour de 20 shows pelo sul do país em maio de 1997, que iniciou em São Leopoldo, no dia seguinte passou pelo Bar Opinião, em Porto Alegre.

Com uma esmerada superprodução e com um palco de estruturas internacionais, cerca de 35 mil pessoas compareceram ao show do quinteto formado por Rogério Flausino, PJ, Marco Túlio Lara, Paulinho Fonseca e Márcio Buzelin. Com transmissão ao vivo pelo Multishow e pelo Globoplay, outras milhares de pessoas acompanharam o show de suas casas.

Foto: Tony Capelão/No Palco

Em cerca de duas horas e quarenta de apresentação, o Jota Quest percorreu todas as fases da carreira, apresentou música inédita e prometeu disco novo para muito breve. Mesmo faltando hits como ‘Onibusfobia’ (1996), ‘Oxigênio’ (2000) e ‘Palavras de um Futuro Bom’ (2006), foi uma saraivada de hits do início ao fim. Começou com a já clássica ‘Ao Seu Lado’ (2003), ‘Encontrar Alguém’ (1996), ‘Na Moral’ e ‘Mais uma Vez’ (2002) e ‘Além do Horizonte‘ (2005). ‘Imprevisível’ (2021) foi a primeira inédita a ser apresentada na noite, que traria também a recém lançada ‘Numa Boa’ (2023) em parceria com o gaúcho Vitor Kley, que no palco fez um mashup de ‘O Sol’, dele e o da banda.

Depois da balada ‘Amor Maior’ (2003), apareceu no telão o apresentador Marcos Mion falando da sua relação com a banda e da importância da música seguinte com seu filho Romeu e anunciou ‘Pra Quando Você se Lembrar de Mim’ (2015). Na sequência veio o funky-soul em parceria com Nile Rodgers, ‘Mandou Bem’ (2013) e o ‘Fácil’, extremamente fácil clássico de 1998. Entre elas foi rodado um vídeo com os cinco integrantes falando sobre o início de tudo e o relacionamento da banda nestes 25 anos de carreira. E no final Flausino dizendo que “A gente vai se encontrar muito aí pelos próximos anos”.

Seguiu-se uma emocionante homenagem à rainha Rita Lee em ‘Mania de Você’, com participação do filho e guitarrista da cantora, Beto Lee. E depois de dois clássicos – ‘As Dores do Mundo’ (1998) e ‘O Que eu Também não Entendo’ (2000) – veio a terceira e última participação da noite: Rael e Jota Quest cantaram pela primeira vez num palco a canção ‘A Voz do Coração’, lançada durante o auge da pandemia e gravada à distância, em 2020.

Foto: Tony Capellão/No Palco

Por diversos momentos o vocalista Rogério Flausino declarou seu amor pela cidade e dedicou esta apresentação a todos que compareceram, de todos os cantos do Rio Grande do Sul e do Brasil. Tirando o repeteco da inédita ‘Numa Boa’, por um problema de execução da primeira versão, foi um encerramento de plateia cantando todas as músicas a plenos pulmões ou agarradinhos na pessoa amada nas baladas. Sem bis no final, tocaram direto ‘Blecaute’ (2015), ‘O Vento’ (1999), ‘De Volta ao Planeta’ (1998), ‘Sempre Assim’ (1998), ‘Só Hoje’ (2002) e ‘Dentro de um Abraço’ (2014), que ele dedicou à Martha Medeiros, que se fazia presente no show e autora da crônica que Flausino musicou.

Para o final ficou a trinca de ouro da banda com ‘Dias Melhores’ (2000), ‘Tempos Modernos’ (2012) – o clássico de Lulu Santos, regravado para a abertura da novela Malhação – e novamente enérgica ‘Ao Seu Lado’ para deixar a galera em êxtase ao fim da apresentação.

Foto: Tony Capellão/No Palco

Na despedida, um som mecânico tocava ‘Te ver Superar’, em dueto com Dilsinho enquanto ele agradecia a todos que participaram destes 25 anos de estrada como a rádio Ipanema, a primeira rádio a tocar as músicas da banda, a rádio Atlântida que massificou a execução das canções e os convidaram para a terceira edição do Planeta, em 98. E, claro, à Opus pela realização deste sonho de muito tempo dos mineiros com esta grandiosidade e o capricho que o momento pedia.

O lançamento de um DVD contendo este show e um documentário sobre a carreira e a turnê comemorativa, que começou em 2022, está prevista ainda para este ano.