Porto Alegre se entrega à intensidade e à poesia de Criolo no Araújo Vianna

Foto: Glauco Malta/Turbinado

No último sábado (23) o Araújo Vianna recebeu a nova turnê do rapper Criolo – “Sobre Viver”, show que havia estreado em maio, no Espaço Unimed, em São Paulo, e já circulou por algumas cidades. Milhares de gaúchos compareceram ao auditório para presenciar uma experiência sonora incrível, intensa e muito diversa. Sempre muito engajado, o rapper dá uma lufada de esperança e de fé na luta (e no luto) diárias das populações das periferias brasileiras.

Passavam das 21:30 quando Criolo subiu ao palco do Araújo Vianna para iniciar a apresentação que durou aproximadamente uma hora e meia onde ele, acompanhado de seu parceiro de sempre o DJ DanDan, e de um super trio de bateria, percussão e sopros com Bruno Buarque, Ed trombone e Maurício Badé trouxe uma rica mistura da batucada do candomblé com a sua característica poesia. A combinação destes elementos apresentou à plateia uma massa de sons e ritmos impressionantes que fizeram a plateia dançar e interagir durante a maior parte da noite. E, voltando com força às suas raízes do rap e do hip hop, Criolo consegue incorporar naturalmente ao seu repertório o samba com músicas e canções que evocam as matrizes africanas do Brasil.

No show ele apresentou sete canções do novo álbum “Sobre Viver”, lançado em 2022, entre elas “Iemanjá Chegou”, “Diário do Kaos”, “Moleques são meninos e Crianças também são” e “Aprendendo a Sobreviver”. O disco “Nó na Orelha” (2011) teve cinco canções entre elas clássicos como “Guarajuex” e “Não Existe Amor em SP” e “Subirusdoistiozin”. No setlist entraram também canções lançadas durante a pandemia como “Fellini” e “Sistema Obtuso” (em parceria com Tropkillaz). E no meio disso tudo rolou até uma pequena homenagem a cultura hip hop local quando tocaram trecho de “Bem Nessa”, dos gaúchos da Da Guedes, levando a plateia ao delírio.

No final, depois de quase 20 canções executadas, mesmo faltando petardos importantes como “Bogotá”, “Freguês da Meia Noite” e “Duas de Cinco”, a plateia saiu satisfeita com um show musicalmente robusto e politicamente engajado, como todo e qualquer apresentação do Criolo. De tão marcante e intenso, o tempo passou rápido e até nos pareceu que foi curto demais.