Paulinho da Viola traz show solo a Porto Alegre depois de sete anos

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

Na noite da última quinta-feira (10), Porto Alegre recebeu o novo show do sambista Paulinho da Viola no palco do Araújo Vianna. Apesar do pouco público no auditório – cerca de 1.000 dos quase 4.000 lugares estavam ocupados – os gaúchos presentes presenciaram um show de alto nível na capital gaúcha.

Desde 2015 sem apresentar show solo por aqui (em 2017 ele veio acompanhado de Marisa Monte – ambos os shows realizados no Araújo Vianna), Paulinho trouxe uma banda e um repertório luxuoso para matar as saudades dos porto-alegrenses, com o show baseado no álbum ao vivo ‘Sempre se Pode Sonhar’, lançado em 2020 e que também deu nome à turnê.

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

Com um atraso de quase 40 minutos, a plateia já estava impaciente e chamando os artistas ao palco com apupos e gritos, quando às 21:35 a banda se posicionou em seus instrumentos, antecedendo a atração principal. Muito simpático e comunicativo, o carioca abriu o show com o sincopado samba “Coisas do Mundo, Minha Nega” (1968). Já na sequência vieram duas músicas do último álbum: “Ela sabe quem eu Sou” (inédita até esta turnê) e “Sempre se Pode Sonhar” (em parceria com Eduardo Gudin).

Depois de novas estórias de parcerias e composições vieram três clássicos com “Nas Ondas da Noite” (1968), “Roendo as Unhas” (1973) e “Com Lealdade” (1987). “Vela no Breu” (1976) e “Ruas que Sonhei” (1970)  antecederam o primeiro clássico cantado pela plateia a plenos pulmões: “Coração Leviano” (1970). Aí vem um longo enredo sobre a composição da música seguinte: “Para um Amor no Recife” que fala de uma verdadeira amizade que nasceu de uma passagem do cantor pela cidade na década de 70.

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

A partir daí, foi uma sequência de arrasta quarteirões dos sambas de roda, dos sambódromos e dos salões dos carnavais passados como “Dança da Solidão” (1972) – regravada por Marisa Monte em 1994 – “Onde a Dor não tem Razão” (1968), “Ainda Mais” (2007) e “Coração Imprudente” (1972). Após apresentar os músicos de sua banda João Rabello (violão), Adriano Souza (piano), Dininho Silva (baixo), Celsinho Silva (percussão) e Ricardo Costa (bateria) vieram clássicos atemporais como “Eu Canto Samba” (1987), “Foi um Rio que Passou em Minha Vida” (1970), e as duas antes do bis vieram do último álbum de inéditas de Paulinho, de 1996: “Peregrino” e “Timoneiro” levou a pequena plateia ao êxtase, em pé e cantando: “Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar’.

Após uma rapidíssima saída para o retorno ao bis, o sambista atendeu aos vários pedidos de “Lupicínio, Lupicínio” que a plateia gritou durante o show e veio, obviamente, com “Nervos de Aço”, que ele regravou em 1973. E pra finalizar uma noite memorável de samba e boa música ele encerrou com “Sinal Fechado” (1970) e “Pecado Capital” (1970).

Foram sete anos de espera para vê-lo solo novamente, mas valeu a pena. Uma seleção com uma nata musical que poucos nomes no Brasil tem o privilégio de poder apresentar ao seu público.