Alcione desconstrói, tijolo por tijolo, sua história no samba diante de um Araújo Vianna lotado

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

Numa semana mais que especial para nossa eterna Marrom, um Araújo Vianna tomado de fãs ovacionou a musa do samba brasileiro que retribuiu com muito samba e simpatia. Apesar de apresentar o show ‘Tijolo por Tijolo’, Alcione mostrou um repertório com grandes clássicos do samba em Porto Alegre na última quinta-feira, dia 16, e pouca ou nenhuma referência fez ao último álbum lançado em maio de 2020.

Na terça-feira (14), a cantora foi laureada pela PUCRS com o Prêmio Mérito Cultural, que nas três edições anteriores homenagearam Fernanda Montenegro (2018), Maria Bethânia (2019) e Lima Duarte (2020) por sua relevância cultural e por suas contribuições na construção de uma identidade nacional. Já no dia seguinte Pelotas lotou o Theatro Guarany para reverenciar a diva.

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

Em Porto Alegre, por trinta minutos, uma grande seleção de sambas entreteu os presentes enquanto procuravam seus lugares nas cadeiras. Pouco depois das 21:30 a Marrom entrou no palco saudando a plateia com o clássico de Arlindo Cruz: “Fla Flu” (Brasil De Oliveira Da Silva Do Samba, 1992). Na sequência vieram três petardos do seu repertório: “Além da Cama” (1997), “Estranha Loucura” (Nosso Nome: Resistência, 1987) e “Faz uma Loucura por Mim” (disco homônimo, 2004).

Entre um afago e outro da artista com a plateia, ela emendou sem muito tempo para respirar com “Sufoco” (Alerta Geral, 1978), “O Surdo” (A Voz do Samba, 1975), “Queda de Braço” (Faz uma Loucura por Mim, 2004) antes de cantar “Besame”, do disco Boleros, de 2017.

Antes da metade do show o público já estava em pé e assim ficou até o fim com uma grande gama de canções que marcaram gerações como “A Loba” (1997), “Cajueiro Velho” (Morte de um Poeta, 1976), “Entidade” (Valeu, 1996) e “Retalhos de Cetim”, de Benito di Paula e gravado por Alcione no disco Ao Vivo 2, de 2003.

Foto: Gustavo Garbino/No Palco

O álbum Valeu, de 1996, rendeu um pout-pourri com “Timidez”, “Telegrama” e “Valeu”, que serviu para acender a plateia para a reta final do show com muitos casais dançando nas laterais do auditório. Sem tréguas ela mandou “Você me Vira a Cabeça” (Paixão tem Memória, 2001), “Meu Ébano” (Uma Nova Paixão, 2005), “Gostoso Veneno” e “Menino sem Juízo” (Gostoso Veneno, 1979), “Garoto Maroto” (Fruto e Raiz, 1986) e no final as homenagens à sua escola do coração e ao samba com “Exaltação à Mangueira”, de Jamelão e “Não Deixa o Samba Morrer” (A Voz do Samba, 1975).

E, num bis em que nem chegou a sair da cadeira onde ela passou sentada durante o show, ela entoou o “Canto Alegretense” que colocou todos em êxtase e a cantar a plenos pulmões. Após uma hora e quinze minutos e 25 canções, Marrom mostrou que o “Tijolo por Tijolo” se refere à sua vasta e consolidada história no samba, que ela preferiu apostar neste reencontro com o público gaúcho.