Frisson, um orgasmo da pele

Pele arrepiada, tremedeira involuntária por causa de uma resposta ao frio ou uma emoção intensa; calafrios, uma espécie de fome aguda e que custa a passar – mas não é uma fome física, é mais como uma necessidade exagerada de alguma coisa. Também pode ser aquela ansiedade para chegar ao clímax de um acontecimento importante, como o dia do nascimento do primeiro filho, por exemplo. O frisson pode ser uma grande agitação ou espera por algo, frio no estômago, coração acelerado, sensações que invadem e surpreendem. Assim pode ser o frisson, como um orgasmo da pele.

O frisson não escolhe hora nem lugar para acontecer, mas em determinados momentos você pode ser surpreendido por todas estas sensações apenas ao ouvir uma música ou assistir a determinada cena de um filme. É aquela música que marca para sempre. É o tipo de filme que você nunca irá esquecer. Às vezes uma canção pode atingir nosso corpo como um bálsamo na alma, assim como o maravilhoso Bolero, de Maurice Ravel, uma música riquíssima na execução dos timbres de todos os instrumentos da orquestra. Logo no início, apenas uma caixa que apresenta aos ouvintes o ritmo do bolero, seguindo até o final da canção num ostinato (que é um ritmo sem variação) e os instrumentos vão entrando um por um em um volume baixo e gradativamente ganham a cada repetição vida e forma, criando corpo e volume até chegar a um intenso (volume alto) apoteótico, encerrando o Bolero de forma hipnotizante e apaixonante, causando frisson até nos ossos!

E se você é fã da banda Queen deve ter sentido vários arrepios e experimentado grandes emoções (verdadeiros frissons) em algumas cenas de “Bohemian Rhapsody”. O filme faz uma narrativa resumida da vida de Farrokh Bulsara, um rapaz com dentes esquisitos que nasceu na Tanzânia. É a história de como ele se transformou em um dos maiores astros do rock do universo, sob o codinome de Freddie Mercury (interpretado pelo excelente ator, Rami Malek,), após conhecer o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor que tinham perdido o vocalista alguns minutos antes. O que não faltou no filme foram momentos inesquecíveis da história do Queen. O clássico Show no Live Aid de 1985 foi reproduzido quase na íntegra em seu final e a performance neste momento faz com que o filme seja quase obrigatório de ser visto em uma tela gigante, pois é realmente emocionante. Ser fã do Queen e não sentir vários e múltiplos frissons neste filme é praticamente quase impossível!

Mas saiba não é necessário ser um especialista em música para vivenciar essas impressões tão intensas quando se ouve uma canção. Essa mágica sensação atinge qualquer pessoa, a qualquer momento – caminhando na rua ou passeando em um shopping, na sala de um cinema ou num evento musical, muitos de nós já nos inebriamos com as sensações do frisson, um jeito bem interessante, quase uma compensação, para que possamos enfrentar todos os desafios impostos pelo cotidiano.

Cada pessoa terá uma música, uma voz ou um cheiro em particular que, para além de boas memórias e boas vibrações, traz consigo uma verdadeira reação física – o frisson. Ainda muitos mistérios permanecem sobre a origem desse fenômeno, mas continua sendo uma das melhores sensações da vida.