David Byrne esbanja na criatividade e nos protestos em show que abre a tour brasileira de “American Utopia”

Não há palavras para descrever o show de David Byrne, na noite desta quinta feira (22), no Pepsi On Stage em Porto Alegre: Surpreendente, magnífico, democrático, conceitual, tecnológico, teatral, cênico, um verdadeiro ESPETÁCULO. Show que certamente estará na nossa lista de melhores do ano, ao final de 2018. Depois de 14 anos, Byrne voltyou a se apresentar na capital gaúcha e fez isso com maestria ímpar.

De cara, o palco mantinha o público em dúvidas sobre o que estava por acontecer. Tiras de fibra rodeava o tablado, um poderoso sistema de iluminação, uma cadeira e uma mesa com uma réplica de um cérebro e nada mais havia no palco do Pepsi On Stage (nem cenário, nem instrumentos, nem pedestais de microfones), quando, três minutos antes do horário marcado, apareceu David Byrne para se posicionar no palco e iniciar sua apresentação de quase 1he40min e que surpreendeu a todos os presentes.

Um Pepsi On Stage com meia lotação viu uma celebração à vida e ao pensamento positivo. Mesmo com mensagens contra a crise política e econômica e contra atitudes governamentais nos EUA, na Europa e até mesmo no Brasil, a estética e o contexto que os músicos apresentam no palco deixam uma impressão muito boa e altamente otimista no público.

Os doze músicos usavam instrumentos móveis… seja com apoios nos ombros ou no pescoço (inclusive teclados e bumbos), microfones de cabeça e, assim, o corpo ficava livre para a parte performática do show, que David cobrava de todos no palco. São tantos detalhes a ser percebido que o espectador não consegue acompanhar tudo que se passa no palco.

Canções de várias fases da carreira do músico entraram no setlist, inclusive do Talking Heads, banda com a qual marcou época. Mas, diversas vezes durante o show, a plateia pediu por “Psycho Killer”, maior hit de sua ex-banda. Mas não rolou. Foram dois bis. Com duas músicas cada. Mas a música não entrou no set… talvez por não se encaixar no contexto do show, do momento ao qual ele vem criticando. Mas não fez falta, tamanha a criatividade, a inventividade e a performance deles no palco. Uma entrega comovente. Músicos que trabalhavam duro e se divertiam muito também. E isso era nítido.

No último bis, David Byrne e banda surgiram com papeis contendo nomes de mortos e desaparecidos, ou em ações policiais ou por violência racial, nos últimos anos… e, num cover da música “Hell You Talmbout”, de Janelle Monáe (em janeiro/2018 ela foi usada na Marcha das Mulheres, em Whashington/EUA), adaptada para a realidade brasileira, com o grito de “Diga o Nome dele”. Na sequência foram citados os assassinatos de Amarildo, Márcio Mattos (líder do MST) e Marielle Franco (vereadora carioca).

A turnê prossegue no sábado, dia 24, em São Paulo (Lollapalooza) e segue ainda por Curitiba (Teatro Positivo), dia 26, chega ao Rio de Janeiro (KM de Vantagens Hall), dia 28 e encerra a parte brasileira da tour em Belo Horizonte, dia 29, também no KM de Vantagens Hall. Quem puder ir, vá… certamente terá uma experiência única!

Confira o setlist

1. Here
2. Lazy (X‐Press 2)
3. I Zimbra (Talking Heads)
4. Slippery People (Talking Heads)
5. I Should Watch (David Byrne e St Vicent)
6. Dogs Mind
7. Everybody’s Coming to My House
8. This Must Be the Place (Naive Melody) (Talking Heads)
9. Once in a Lifetime (Talking Heads)
10. Doing the Right Thing
11. Toe Jam Mix (Brighton Port Authority)
12. Born Under Punches (The Heat Goes On) (Talking Heads)
13. Dance Like This
14. Bullet
15. Every Day Is a Miracle
16. Like Human Do
17. Blind (Talking Heads)
18. Burning Down the House (Talking Heads)

BIS 1

19. Dancing Together
20. The Great Curve (Talking Heads)

BIS 2

21. Hell You TalmAbout (Janelle Monáe)

 

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Fotos: Tony Capellão | Tony Capellão Fotografia