Paul McCartney encanta Córdoba em show de três horas

As milhares de pessoas entoando espontaneamente canções dos Beatles na entrada no estádio Mario Alberto Kempes, em Cordóba-ARG, desde o começo da noite deste domingo (15), serviram como prenúncio do show apoteótico que Paul McCartney apresentou durante três horas, a partir das 19h30, no primeiro concerto da turnê One On One na Argentina. Centenas delas vieram de fora do país. O sacrifício e o excesso foram recompensados. O músico subiu ao palco e cumprimentou os argentinos com um “Hola culiados!”, uma gíria usada entre os jovens argentinos.

A performance de Macca, como é chamado pelos fãs, foi ditada pelo profissionalismo, o carisma e a espontaneidade lapidadas em cinco décadas de carreira. Não é pouco e nela cabem todos os adjetivos hiperbólicos típicos de quem revolucionou a história de algo, no caso, a música do século XX, como certamente o mais criativo dos Beatles.

Com um setlist de 36 músicas, começando com A Hard Day’s Night, que não era tocada ao vivo desde 1965, e encerrando com The End, o cantor revisitou os grandes sucessos da banda que o consagrou, além de projetos solos como a parceria com Kanye West e Rihanna e a banda Wings. A plateia estimada em 45.000 pessoas respondeu com empolgação à altura. Choro, gritos, palmas e coros não deram trégua um minuto sequer, ainda mais nos momentos – e foram muitos – em que o cantor interagiu falando um espanhol carregado de sotaque. Em troca, músicas cantadas a plenos pulmões.

De certa maneira, e pelo histórico do cantor, foi um show dentro do previsto, mas ainda assim significativo. Primeiro, pela atemporalidade das canções, algumas com mais de 50 anos, que se entranharam nas gerações que se seguiram. O espetáculo é um congraçamento entre alguns poucos que viveram o estouro do quarteto de Liverpool, liderado pelo egocêntrico John Lennon, e guardam na memória a histeria que os Beatles despertaram desde o surgimento, e adultos e jovens reverentes, alcançados pelos ecos dessa época. Em segundo lugar, pela vitalidade de McCartney, um senhor de 73 anos apresentável e disposto, que amadureceu inclusive como músico e não mede esforços para satisfazer o público, embora, por mais abrangente que seja o set list, sempre deixe de fora algumas canções do enorme rol de clássicos dos Beatles.

Oque não é um problema quando se tem à mão Can’t Buy Me Love, Blackbird, Eleanor Rigby, Something (com a qual o cantor homenageou o ex-companheiro de banda, George Harrison), se pode tocar em sequência Hey Jude, Let It Be, Lady Madonna, Yesterday e, como se não bastasse, Live And Let Die, da carreira solo. Aliás, um dos momentos em que, também instigado pelo show pirotécnico e as explosões no palco, o estádio veio abaixo

Esta é a terceira vez que Paul McCartney toca na Argentina. Na primeira, em 1993, ele se apresentou para mais 60 mil pessoas no Estádio River Plate, em Buenos Aires. Pelo que se viu em Córdoba neste domingo (15), pode-se esperar um grande show em La Plata, quando ele encerra a turnê com shows nos dias 17 e 19 no Estádio Ciudad de La Plata. Um espetáculo para ser testemunhado. Afinal de contas, é a história que começou em 1957 sendo continuada ainda em cima de um palco e, pelo que se percebe, com a mesma paixão.

SETLIST
1 – A Hard Days Night
2 – Save Us
3 – Can’t Buy Me Love
4 – Letting Go
5 – Temporary Secretary
6 – Let Me Roll It
7 – I’ve Got a Feeling
8 – My Valentine
9 – 1985
10 – Here, There and Everywhere
11 – Maybe I’m Amazed
12 – We Can’t Work it Out
13 – In Spite of All the Danger
14 – You Won’t See Me
15 – Love Me Do
16 – And I Love Her
17 – Blackbird
18 – Here Today
19 – Queenie Eye
20 – New
21 – Fool on the Hill
22 – Lady Madonna
23 – Four Five Seconds
24 – Eleanor Rigby
25 – Mr Kite
26 – Something
27 – Obla Di, Obla Da
28 – Band On The Run
29 – Back in the USSR
30 – Let It Be
31 – Live and Let Die
32 – Hey, Jude

Bis
33 – Yesterday
34 – Hi Hi Hi
35 – Birthday
36 – Golden Slumbers

*especial Jornal No Palco, diretamente da Argentina.