Hoje o texto é uma singela homenagem ao sensível e belo trabalho da Multi artista “Paula Carvalho” que nos brinda com “Foto Poesia”. Confere aí o trabalho dela nos links a seguir e aproveita e dá uma lida no texto abaixo. Vamos que vamos! A poesia nos une e humaniza!
http://sobrefotografias.wix.com/paulacarvalho
https://www.facebook.com/paulacarvalhosobreutopias?__mref=message_bubble
Foto Poesia – Do instante transitório
A projeção das utopias…
Tirar a poeira dos olhos…
Habitar a memória…
Mergulhar nos sonhos…
Que venha a leve brisa acalentar meus sonhos…
Que venha a vida escancarando as janelas…
E eu daqui, eternizando as imagens…
(Paula carvalho)
No reino do instante transitório
Num lugar muito, mas muito distante onde qualquer coisa de magia ainda habitava cada partícula da existência nasceu uma menina com um olhar faminto de eternidade. Grandes olhos devoradores de instantes habitavam harmonicamente uma face de suave beleza. Na mesma velocidade em que crescia foi descobrindo inocentes manias: Eternizar momentos, infinitar efemeridades, construir memórias inesquecíveis de epifaneidades.
Olhos tão famintos… Como saciar tamanha fome de olhar? Enquanto suas íris mastigavam pequenos momentos e as pupilas devoravam vagarosamente pedaços de tempo, era possível perceber que nem ao menos migalhas restavam quando o alvo de sua fome eram as transitoriedades da vida.
Os sábios do reino (que não eram tão sabiamente sensíveis) decretaram que a existência de uma menina que eternizava o fugaz em um mundo alicerçado de aparências remetia a certo perigo e tentaram proibir seu olhar eterno.
Vês o instante? Não! Ele já passou. Se olhar de novo… Terá passado novamente. Ele é assim: Sua essência é passar. E passaram-se anos.
A menina eternizadora não percebeu quando seu corpo cresceu. Quando o reino edificado por imagens começou a parecer tão cinza e frágil. E certa fome ainda habitava seu íntimo saltando vezenquando de seus olhos: a gulodice de suas íris tornou-se incontrolável (tamanha a fome de ver) que não resistia nem aos farelos, fragmentais das horas, quando esses caíam por sobre o colo durante os lanches fora de hora na transitoriedade das noites solitárias. Essa mesma fome, durante uma breviedade do tempo, a consumiu de dentro para fora.
Habituou-se a devorar-se. Vorazes dentadas devoraram a própria fome. Quanto mais seus olhos se abriam famintos, escancarando bocas em alvas pupilas, mais e mais lançava imagens, que todos julgavam jazerem no esquecimento, para o eterno das almas.
Foi quando tudo ficou claro: A menina com o olhar faminto de eternidade só agregava manias: Escancarar janelas deixando-as eternamente abertas, Espanar a poeira seca das horas de nossos olhares desejosos de molhados instantes e vezenquando projetar utopias transitórias no eterno de nós mesmos.
(Jonatan O Borges)