Projeto “Mulheragem” apresenta cenas de ícones da luta pelos direitos femininos no Teatro de Arena

Novo projeto do coletivo Mulheragem reúne sete cenas curtas que refazem a memória de mulheres na história e denunciam as violências cometidas contra elas. Poderosas e inquietas, elas foram protagonistas mesmo em épocas contraditórias, lutando pelos seus direitos e conquistando seu espaço. Sete atrizes inspiradoras trazem à tona biografias que nos foram subtraídas e histórias que nunca tiveram espaço para serem contadas. Se uma mulher no palco já representa um ato de resistência, sete mulheres pautando o universo feminino é essencialmente revolucionário.

O Mulheragem chega a sua quarta edição trazendo recortes de montagens para o palco do Teatro de Arena. Serão sete curtas cenas apresentadas em cerca de uma hora de encenações. Logo após ocorre uma conversa com a madrinha do projeto, Mirna Spritzer. Os ingressos estão à venda por R$ 10,00.

MULHERAGEM
Um grito de liberdade e música boa está chegando novamente à Porto Alegre. Em sua primeira edição, em 2012, marcada pelo sucesso de divulgação e público, o projeto Mulheragem levou à Casa de Teatro a agonia e o encanto de mulheres fortes que atravessam a garganta de todos para mostrar seu trabalho na música autoral. Com músicas fortes e de personalidade única, seis cantoras gaúchas aderiram a iniciativa que tem por objetivo integrar e divulgar o som feminino cheio de amor, raiva e ousadia. Elisa Meneghetti, Cintia Rodrigues, Duda Rocha, Mari Martinez, Maria Otilia e Simone Braz Chuster, trazem com potência frases do rock, jazz e blues, sempre cheias de atitude e espírito libertário para as forças femininas.

Um exército cheio de vontade e verdade. Não são apenas bonecas que cantarolam versos bonitos, e sim esqueletos que mostram toda a sutilidade feminina ao encarar os palcos com vozes incríveis e cheias de vontades. Desfazem valores e encaram a sociedade que impõe seus valores e seus ideias sob seus desejos. O Mulheragem ultrapassou as barreiras do querer e transformou o fazer e mostrar em muito mais do que se poderíamos imaginar.

MULHERAGEM NO PALCO
Arena Conta As Mulheres

Quinta feira, dia 09 de março de 2017
Teatro de Arena – Avenida Borges de Medeiros, 835 – Na subida do viaduto da Borges – Centro Histórico – Porto Alegre/RS
Evento: Mulheragem No Palco

20h – Cenas curtas
21:30h – Mandala de conversa com a participação especial da Mirna Spritzer

PROGRAMAÇÃO:
– ‘Camille Claudel no Exílio’ por Juliana Wolkmer
– ‘Danke’ por Juliana Kersting
– ‘Todas Nós’ por Iassanã Martins
– ‘Pedaços de Carne’ por Catharina Conte
– ‘Madalena Alba’ por Daniele Zill
– ‘Negrinha!’ por Silvana Rodrigues
– ‘Frida Kahlo, à Revolução!’ por Juçara Gaspar

SOBRE AS APRESENTAÇÕES

CAMILLE NO EXÍLIO

Serão mostradas sete cenas curtas que contam sobre o universo feminino. Camille Claudel é revisitada pela atriz Juliana Wolkmer que traz à tona toda a resistência dessa incrível escultura que foi presa em um sanatório, onde viveu por mais de 30 anos até a sua morte.
Camille no Exílio

Sinopse:
Inspirado na vida da escultora francesa Camille Claudel, o espetáculo mostra de forma poética e íntima fragmentos da trajetória de uma artista que desafiou o seu tempo. Camille (1864 – 1943) nos instiga com sua obra repleta de paixão e entrega à criação artística. As reflexões e inquietações da mulher que ficou conhecida como “a amante de Rodin” podem novamente ser ouvidas a partir das memórias extraídas das cartas que escreveu durante os 30 anos de exílio em hospitais psiquiátricos.

Ficha Técnica
Direção e dramaturgia: Patrícia Silveira
Elenco: Juliana Wolkmer
__________________________________________________________________

PEDAÇOS DE CARNE

Pedaços de carne é uma performance que explora o universo feminino e expõe o desafio que é superar, e muitas vezes sobreviver, a séculos de uma vil construção social de objetificação da mulher. Catharina Conte, ao mesmo tempo, investe no peso da vulnerabilidade inerente às figuras femininas e provoca suas forças viscerais. A surreal luta para ser humana, os esquartejamentos diários que sofremos, a violência e suas cicatrizes, que cotidianamente desenham nossos corpos, bem como o desejo de termos o tamanho de quem realmente somos, são temas explorados estética e poeticamente, tendo como norteadoras as doces e certeiras palavras da escritora e poeta Giulia Barão.

Atuação de Catharina Conte
Direção de Sofia Ferreira
__________________________________________________________________

MADALENA ALBA

Madalena Alba é uma Performance dançada que surge como resultado da pesquisa realizada pela autora junto ao Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da UFRGS a respeito do gesto flamenco. A investigação se deu através de experimentos cênicos e vivências do universo artístico da autora. A performance está dividida em três partes, porém ininterruptas: memória, silêncio (no hay banda) e realidade.

Pesquisa e atuação: Daniele Zill
Orientação Cênica: Juliana Kersting
Fotos: Marcelo Cabrera
__________________________________________________________________

TODAS NÓS

Sofrer, cair, levantar, sofrer mais um tanto. Sofrer, cair, nem sempre levantar. Sofrer. Será sempre essa a nossa condição¿ Não poder sair na rua por medo, ter que criar sua criança sozinha, apanhar do marido, ser violentada pelo pai. Pequenas e grandes violências. Quem mede o tamanho do quanto sofremos¿ Ainda em processo o trabalho sem nome vai tomando forma a partir das histórias da Bruna, da Martina, da Eli, da Julia, da Juçara, da Iassanã. Em cena as minhas, as suas, as nossas histórias de violência contra a mulher.

Pesquisa, direção e atuação: Iassanã Martins e Juçara Gaspar
Concepção: Iassanã Martins
__________________________________________________________________

DANKE
IMPORTANTE: Esta cena curta contará com Áudiodescrição


O espetáculo é baseado no texto “Eu, Ulrike? Grito…” de Dario Fo e Franca Rame, e é o testemunho da jornalista e ativista alemã Ulrike Meinhof, dos quatro anos sobrevividos na prisão. Isolada e privada do sensorial em uma cela branca, a prisioneira volta-se para si própria e depara-se com seu duplo, a carcereira, que transita entre o real e o imaginário.
No dia 9 de maio de 1976, a terrorista alemã Ulrike Meinhof foi encontrada morta na sua cela de número 719 na prisão de Stuttgart-Stammheim. Ao lado de Andreas Baader e Gudrun Ensslin, ela havia sido condenada por liderar a Fração do Exército Vermelho – RAF. O grupo terrorista foi responsável por atentados a bomba e assaltos a bancos na então Alemanha Ocidental, que acusava de ‘Estado fascista’.

Autores do texto: Dario Fo e Franca Rame
Idealização e concepção: Juliana Kersting
Preparação e orientação das atrizes: Denis Gosch
Atuação: Juliana Kersting e Daniela Dutra
Produção e Realização: M.A.Cia – teatro, dança e assemelhados
__________________________________________________________________

NEGRINHA
Concepção e realização de Silvana Rodrigues


Quando falamos de mulheres, de quais mulheres estamos falando?

Nas lutas e nas conquistas, de quais mulheres estamos falando? Nas sutilezas do dia a dia estão denunciadas as pequenas-grandes violências nas quais as mulheres Negras estão submetidas numa sociedade machista e racista. Quem nos vê? Quem está disposta a estar conosco nessa batalha? Sobre nós ainda pesa a calúnia de sermos agressivas. Somos? E você, tem pedido docemente licença para existir?

Em Negrinha! uma pequena área retangular é demarcada no chão onde pouso os pés descalços. Diante de mim uma mesa que organizo sem pressa. Nela estão pousados um pote do doce cremoso de chocolate conhecido no Rio Grande do Sul como negrinho.

Uso um avental amarelo durante o tempo total da ação, que é confeccionar doces sem pressa e ofertá-los aos passantes. A esquerda da mesa está empilhado um texto que é oferecido a quem se aproxima pela doçura. Nada nesta ação é espetacular. É apenas mais um dia como os outros. Ela acontece em lugar ordinário, na margem do grande acontecimento do dia. Ela acontece.
__________________________________________________________________

FRIDA KAHLO, À REVOLUÇÃO!

Juçara Gaspar criou um esquete teatral de 20 minutos em 2008, seguindo sua pesquisa sobre mulheres protagonistas e identidades latinas. Essa cena curta que será mostrada nessa data especial, deu origem ao espetáculo teatral em cartaz a quase oito anos.

Frida Kahlo, à Revolução! é inspirada livremente na vida e obra pintora mexicana. Com texto inédito e trilha sonora original executada ao vivo, a artista e suas pinturas nos conduzem por esta redescoberta ética e estética, focada no princípio revolucionário da arte como denúncia solidária. A dramaturgia concentra-se nos aspectos humanos da personagem para construir um espetáculo que faça emergir o que pode transcender a condição de mito.

Atuação e pesquisa: Juçara Gaspar
Direção: Daniel Colin
Foto: Lucca Curtolo