Música hi-tech: a realidade virtual já é chegou aos vídeos independentes

A tecnologia da realidade virtual, que já foi utilizada por nomes como Stevie Wonder, Paul McCartney e Ivete Sangalo, começa a dar seus primeiros passos no Brasil, mas para alguns produtores independentes, ela já é viável. Entre eles, está o cantor e compositor carioca, Almir Chiaratti, que lança dois vídeos com a tecnologia, “Bantu” (em parceria com o cantor Diego Marques) e “É o Fim”. Gravados com uma câmera em 360º, os trabalhos audiovisuais são as primeiras aventuras do artista no mundo da VR (virtual reality), como é conhecida, e estarão disponíveis em seu canal oficial no YouTube.

As infinitas possibilidades na criação do vídeo de realidade virtual trazem novos mercados para a música. Diferentemente dos vídeos que o público já está acostumado a assistir, a imersão é o fator principal do material produzido com essa tecnologia. Os clipes produzidos por Almir Chiaratti foram realizados com o que há de mais avançado em realidade virtual 360º: Lettering 3D e som espacializado com headtracking.

Parece técnico demais, porém essas técnicas e tecnologias estão cada vez mais acessíveis.Apesar de novo, o headtracking parte do princípio da imersão. Pensando em um show como ambiente, esta ferramenta faz com que o espectador ouça mais a voz quando olha para o vocalista, ou consiga destacar as notas da guitarra quando olha para o guitarrista. Os áudios convertem-se em vetores (frente, costas, direita e esquerda – como acontece no hometheater) e a pessoa pode criar a própria mixagem mexendo a cabeça (se estiver usando os óculos de realidade virtual) ou girando o celular (se estiver acessando via YouTube).

“Acho a imersão na música maravilhosa. As pessoas podem interagir com o vídeo e isso faz com que elas ouçam por mais tempo a sua música. Além de ser super divertido ficar vendo as ações e reações dos músicos ao mesmo tempo. Acho que é uma opção interessante para divulgar música!”, anima-se Almir.

Produzido sem custos, cada um dos equipamentos utilizados foi emprestado de amigos. Para a gravação, foram usados uma câmera Samsung Gear 360º e um gravador Tascam DR70. O processamento dos vídeos foi realizado com o software Samsung Gear 360 Action Director, enquanto a edição foi realizada no Premiere Pro, no Mac de Almir Chiaratti,  que explica sobre as principais colaborações que ele teve na criação dos trabalhos:

“Colo que tem amigo, tem tudo. Enquanto o Adolfo Paiva me emprestou a câmera, o Caio César Loures me emprestou o gravador multicanal e o Mateus da Silva, que toca comigo, me emprestou um microfone que me faltava. Os arranjos, a ambientação e a linguagem foi desenvolvida com o Diego Marques e o Eduardo Rezende. Gravamos tudo e o Ulisses Alves desenvolveu a computação gráfica, enquanto o Sérgio Carvalho e o Barbanjo Reis cuidaram das mixagens. Por fim, convidei o Maurício Gurgel para a masterização AmbSonics, áudio espacializado que varia conforme o movimento da tela”, explica.

Essa reunião de amigos pode ser vista em cena. No quarto-que-virou-estúdio, os músicos se multiplicam ao redor da câmera 360º, somando instrumentos a cada canção. Participam Almir e Diego, além de Eduardo Rezende (pandeiro e percussão), reunidos em um sábado nublado no Rio de Janeiro para explorar as possibilidades do equipamento.

“Nos reunimos por volta das 15 horas e tínhamos ali umas quatro horas para gravar antes que a luz do dia se dissipasse e não tivéssemos mais continuidade, um problema grave. Afinal, queríamos duplicar pessoas nos vídeos e precisávamos de uma luz relativamente controlada. No fim deu certo, mas na hora é aquela tensão, né?”, relembra Almir Chiaratti.

Almir Chiaratti assina a direção dos dois novos vídeos e trabalha no ramo do audiovisual há anos. No currículo, ele traz prêmios como o Dailymotion (França) e Urban Mediamakers Film Festival (Estados Unidos), com seu primeiro clipe, “Teu Caminho” (https://youtu.be/oEPLTCjG6bU).

Para aproveitar ao máximo a experiência de áudio espacial, é aconselhável ouvir com fones de ouvido (recomendado) ou alto-falantes. Os dispositivos que aceitam esta tecnologia são o app do Youtube para Android (versão 4.2 ou superior), e os navegadores Chrome, Firefox, Opera ou Edge para computador. Já os espectadores que usam o navegador Safari ou o app do Youtube para iOS ouvirão o áudio estéreo.

Assista o vídeo de “É o fim” em 360º: https://youtu.be/pFFGCVZM6Pr8g

 

Por: Júlia Ourique