Hidalgo Adams inaugura a exposição Do Abraço à Expansão na Galeria DAVERA

Da pedra bruta, um gesto se impõe. É o gesto soberano do artista, que, atento à natureza da rocha, subverte-a, concedendo-lhe a forma desejada. “Eu me imponho à pedra”, afirma, decisivo, Hidalgo Adams, o escultor, que, cotidianamente, entrega-se ao ofício de encontrar, escolher, transportar, marcar, desenhar, riscar, recortar, apicoar, esmerilhar e lixar, transformar, enfim, compactos blocos de mármore, basalto ou granito em formas escultóricas que encantam pela leveza, forma, acabamento e movimento. Sim. Porque as esculturas de Hidalgo não são blocos inertes. Elas têm movimento, giram no espaço, permitindo uma visão tridimensional da peça e favorecendo uma relação lúdica com quem as manipula ou as visualiza.

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Uma parte deste processo, laborioso e complexo, poderá ser apreciada a partir do dia 29 de setembro, terça-feira, na exposição intitulada “Do Abraço à Expansão”, que o escultor apresenta no espaço DAVERA Arte & Cultura, localizado no Lobby e no Foyer do 4º andar do Sheraton Hotel, em Porto Alegre. A mostra inaugura com um coquetel oferecido pelo Sheraton, criado com a supervisão do cheff  Mauro Sousa.

Hidalgo Adams apresenta 16 esculturas em mármores e basaltos, em médios e grandes formatos (algumas peças chegam a pesar em torno de 250 quilos). “Prezo pelo alto acabamento e pela funcionalidade da peça, pelas curvas tênues, pela disciplina na simetria da expansão e pelo movimento”, destaca.

O processo

O título da exposição é uma referência a duas linhas de trabalho que Hidalgo Adams vêm desenvolvendo. O abraço já vem sendo explorado há mais de 20 anos e é uma marca registrada de suas obras. “É a expressão de uma carência, não somente minha. Creio que o mundo seria melhor se praticássemos mais o abraço.” Segundo o artista, a linha do abraço é o descompromisso com a forma, na qual interessa apenas o movimento, sua suavidade e leveza. “Por ser mais abstrata, não há preocupação com o conjunto simétrico do movimento, mas, sim, com o equilíbrio visual”, detalha. Já a linha “expansão” veio posteriormente. Possui mais compromisso com a simetria. É representada por um fole em expansão. A produção recente é, pois, a expansão do abraço.

Hidalgo Adams conta que ao se deparar com a pedra bruta, busca descobrir a forma que a pedra lhe permite e tenta encontrar uma solução, dentro da linha de trabalho e da sua necessidade. Essa necessidade atende a uma temática, a um estilo e à demanda do mercado. Não costuma fazer esboços. Os estudos de perspectiva, profundidade e volume são feitos mentalmente e aplicados diretamente na pedra.

O percurso

“Do Abraço à Expansão” marca um percurso de quase 30 anos dedicado à escultura – o ingresso oficial é contabilizado a partir de 1986, quando Hidalgo Adams participou de sua primeira coletiva e conquistou o 2° lugar no Prêmio no Salão Jovem Artista, promovido pela Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS). Natural de Cerro Largo-RS, autodidata, Hidalgo Adams se descobriu escultor aos 8 anos, quando fez seu primeiro entalhe em madeira. Aos 13 anos, já havia produzido seu primeiro trabalho profissional. Em 1984, fez estágio no atelier do escultor Guma, que o iniciou na tridimensionalidade e o estimulou a experimentar, a fim de encontrar “a sua linha de expressão”. Em 1988, ingressa no Atelier Livre, onde foi aluno de Cláudio Martins Costa. Entre 1997 e 1998, frequenta o Atelier Vila Nova, onde recebe instruções e ensinamentos de Francisco (Xico) Stockinger. Premiado em salões oficiais, realizou exposições individuais, participou de inúmeras coletivas e criou diversos troféus. Suas obras se encontram em vários espaços públicos e privados do Rio Grande do Sul. Vive e trabalha em Porto Alegre, onde mantém dois ateliers: um no bairro Cascata e outro em Belém Velho.

 

Por: Silvia Abreu